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Câmara Municipal aprovou projeto que veta temas como sexualidade e política nas escolas. (Foto: Arquivo) |
O projeto aprovado na Câmara Municipal de Campo Grande de deixar temas como sexualidade e política fora das salas de aulas encontra resistência em quem é especialista em ensino. “Educação é ato político”, afirma o professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos dos Nascimento Osório.
Doutor em Educação, ele afirma que o projeto, apelidado de “Lei da Mordaça”, revive o século 17. “Considero assustador. É um grande retrocesso. Estamos voltando na história. A repressão em relação à sexualidade é coisa muito forte na sociedade. Para as pessoas que não conhecem a realidade do nosso município, parece até bonitinho. Mas tem uma incidência monstruosa de gravidez precoce, incidência monstruosa de doenças infectocontagiosas”, salienta Osório.
Ele avalia que a Câmara quis regulamentar uma atividade profissional, no caso a dos professores, mas teria descumprido a LOM (Lei Orgânica do Município) e o trâmite do rito para votação de projetos na Câmara Municipal.
“É calcado na moral hipócrita, não é questão de moralidade. Mas de modo de vida. Não existe suporte teórico para isso. As notas de esclarecimento são equivocadas”, diz o especialista. Ontem, houve protesto na Praça do Rádio. Outras mobilizações, incluindo ida à Câmara, devem acontecer nesta semana. A intenção é fazer pressão para que o prefeito Alcides Bernal (PP) não sancione o projeto de lei 8.242, que foi aprovado na última quinta-feira (dia 31) A proposta é para afixar cartazes com as regras de conduta para os professores.
O projeto é encabeçado pelo vereador Paulo Siufi (PMDB), em parceria com outros seis parlamentares. “Cabe aos professores ensinar matemática, português, ciências. A educação sexual e a religião deve ser ensinada pelos pais. Esses temas não devem ser discutidos em sala de aula por professores e pessoas que acham que entendem do assunto”, afirmou Siufi, na última quinta-feira.
A proposta ressuscita uma ideia de 2014, quando o então vereador Alceu Bueno apresentou o “Programa da Escola sem Partido”. O projeto não prosseguiu porque Bueno renunciou no ano passado, após denúncia de exploração sexual de adolescentes.
Plano– No ano passado, os vereadores da Capital aprovaram um Plano Municipal de Educação com perfil conservador. Na ocasião, católicos e evangélicos acompanharam a votação e protestaram contra os itens, que permitiriam a utilização do nome social e de banheiro por travesti, incluídos no item denominado "identidade de gênero".
Fonte: campograndnews
por: Aline dos Santos
Link original: http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/para-especialista-projeto-tem-moral-hipocrita-e-educacao-e-ato-politico