Deputada do PRB da Bahia ainda não havia manifestado a sua posição. Ela criticou a imprensa e disse que votaria com a consciência.
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presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Arquivo |
Considerado voto decisivo no Conselho de Ética, a deputada federal Tia Eron (PRB-BA), que ainda não havia manifestado sua posição, votou nesta terça-feira (14) a favor do parecer do relator, Marcos Rogério (DEM-RO), que pede a cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O relatório foi aprovado por 11 votos a 9.
Ao se pronunciar, a deputada disse que votava com a consciência e defendeu seu partido, que segundo ela não é "balcão de negócios". Tia Eron fez ainda críticas à imprensa por ter presumido antecipadamente que ela votaria a favor de Cunha.
"A minha consciência, é nela que moram os valores, é nela que reside a verdade", afirmou. "Eu não sou estrela, sou dada ao trabalho, (...) mas quero recomendar à imprensa a leitura de Umberto Eco e Darcy Ribeiro quando falam da desconstrução do óbvio."
"Eu não posso aqui absolver o representado nessa tarde. Eu não posso. Eu voto sim", disse a deputada, que foi aplaudida após se pronunciar.
Na semana passada, adversários do peemedebista chegaram a acusar o Palácio do Planalto de agir junto ao PRB, que detém um dos ministérios, para pressionar a parlamentar a votar favoravelmente a Cunha. O governo negou qualquer tipo de interferência.
Nos últimos dias, Tia Eron se isolou para evitar pressão de aliados e adversários de Cunha. Na última semana, ela não participou da reunião que tentou votar o parecer pela cassação e havia grande expectativa pela presença da parlamentar na reunião desta terça.
Voto que surpreendeu
O voto do deputado Waldimir Costa (SD-PA), que endossou a cassação de Cunha embora tenha sempre se manifestado abertamente contra a perda do mandato, surpreendeu o conselho.
O deputado do Solidariedade, partido do deputado Paulinho da Força (SD-SP), um dos principais aliados de Cunha, inclusive discursou em defesa do presidente afastado da Câmara nesta terça, a quem chamou de homem "honrado".
Próximos passos
Com a aprovação do relatório no Conselho de Ética, abre-se prazo de cinco dias úteis, a partir da publicação no Diário Oficial, para a defesa de Cunha recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que poderá opinar apenas sobre aspectos formais do relatório, mas não sobre o mérito.
Em seguida, o processo segue para o plenário da Câmara. Qualquer punição só poderá ser aprovada em definitivo com o voto de ao menos 257 dos 513 deputados.
Do G1, em Brasília
Por: Fernanda Calgaro
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